Tremores detectados em Minas Gerais
- Vozes Sertao
- 13 de nov. de 2024
- 2 min de leitura
Na madrugada de domingo (10), moradores de pelo menos 26 cidades no Sul de Minas Gerais relataram terem sentido tremores, o que inicialmente foi interpretado como um possível terremoto. A plataforma do Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP) registrou mais de 35 notificações, mas, ao investigar os dados, a Rede Sismográfica Brasileira não identificou nenhum sinal típico de atividade sísmica. A ausência de registros levou os especialistas a considerar outra possibilidade: o fenômeno conhecido como “sonic boom”.
O "sonic boom" ocorre quando uma aeronave supersônica rompe a barreira do som, ou seja, ultrapassa a velocidade do som, que é aproximadamente 343 metros por segundo ao nível do mar. Esse evento gera ondas de choque que se acumulam e atingem o solo, produzindo um estrondo que pode ser confundido com tremores ou vibrações vindas da terra. Segundo o sismólogo Bruno Collaço, do Centro de Sismologia da USP, “A única coisa que podemos afirmar é que não foi um terremoto.” Ele explicou que, enquanto um terremoto gera vibrações oriundas do solo, o “sonic boom” produz um barulho semelhante ao de uma explosão, que pode chegar a 110 decibéis, e faz com que vidros e janelas tremam, sem que haja qualquer sinal visível, como rastros ou fumaça no céu.
Entre as cidades afetadas, a sensação foi semelhante à de um trovão muito intenso, o que despertou a curiosidade e preocupação dos moradores, principalmente pela intensidade e duração do estrondo. A Força Aérea Brasileira (FAB) informou ao portal g1 que, no horário indicado, nenhuma de suas aeronaves supersônicas sobrevoou a região. Apesar disso, Collaço aponta que é possível estimar uma velocidade aproximada do fenômeno, sugerindo que poderia ser compatível com a de uma aeronave supersônica. Ele explicou que, ao cruzar os horários e as localizações dos relatos, ignorando pequenos desvios de precisão, é possível chegar a uma velocidade média de aproximadamente 400 metros por segundo — próximo à velocidade de um jato supersônico.
A NASA acrescenta que o som do “sonic boom” assemelha-se a uma explosão ou ao som de uma furadeira. Esse fenômeno, ainda que incomum, já foi relatado em várias partes do mundo quando aeronaves militares rompem a barreira do som durante exercícios, mas geralmente ocorre em áreas específicas e sob condições controladas.
O mapa gerado pelo Centro de Sismologia da USP mostra as áreas onde os relatos ocorreram no Sul de Minas e em algumas regiões do interior de São Paulo, revelando a extensão do possível "sonic boom".

Por que não foi registrado como terremoto?
A Rede Sismográfica Brasileira possui cerca de 10 estações entre o Sul de Minas e o interior de São Paulo, mas nenhuma delas registrou sinais de um terremoto na região no período em que foram reportados os casos.
Segundo o Centro de Sismologia da USP, para um evento com a quantidade de relatos recebidos, seria necessário um sismo de magnitude próxima a 4, por exemplo.
“Pela quantidade de relatos recebidos e pela extensão, isso teria que ser um sismo de magnitude perto de 4, que seria certamente registrado pelas estações”, informou Bruno Collaço, sismólogo do Centro de Sismologia da USP.
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